João 5:25-26
Comentário de Catena Aurea
Ver 25. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. 26. Pois como o Pai tem vida em si mesmo; assim deu ao Filho ter vida em si mesmo.
AGOSTO Alguém pode perguntar a você: O Pai vivifica aquele que nele crê; mas e você? você não acelera? Observe que o Filho também vivifica a quem Ele quer; Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que ouvirem viverão.
CRIS. Depois, a hora vem, Ele acrescenta, e agora é; para que saibamos que não vai demorar muito para que chegue. Pois como na futura ressurreição seremos despertados ao ouvir Sua voz falando conosco, assim é agora.
TEOFIL. Aqui Ele fala com uma referência àqueles a quem Ele estava prestes a ressuscitar dos mortos: viz. a filha do chefe da sinagoga, o filho da viúva, e Lázaro.
AGOSTO Ou, Ele quer se proteger contra o nosso pensamento, que o ser passado da morte para a vida se refere à futura ressurreição; seu significado é que aquele que crê já passou: e, portanto, Ele diz: Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora (que hora?) e agora é, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus , e os que ouvirem viverão. Ele disse que não, porque eles vivem, eles ouvem; mas em consequência da audição, eles ganham vida novamente.
Mas o que é ouvir, senão obedecer? Pois os que crêem e praticam a verdadeira fé vivem, e não morrem; ao passo que aqueles que não acreditam, ou, acreditando, vivem uma vida ruim e não têm amor, devem ser considerados mortos. E, no entanto, essa hora ainda está acontecendo, e continuará, a mesma hora, até o fim do mundo: como João diz: É a última hora.
AGOSTO Quando os mortos, ou seja, os incrédulos, ouvirem a voz do Filho de Deus, ou seja, o Evangelho; e os que a ouvirem, ou seja, os que obedecem, viverão, ou seja, serão justificados, e não mais permanecerão na incredulidade. AGOSTO Mas alguém perguntará: O Filho tem vida, de onde os que crêem dispararão? Ouça Suas próprias palavras: Assim como o Pai tem vida em Si mesmo, assim Ele deu ao Filho ter vida em Si mesmo. A vida é original e absoluta nEle, não vem de nenhuma outra fonte, não depende de nenhum outro poder.
Ele não é como se fosse participante de uma vida, que não é Ele mesmo; mas tem vida em Si mesmo: de modo que Ele mesmo é Sua própria vida. Ouve, ó alma morta, o Pai, falando pelo Filho: levanta-te, para que recebas a vida que não tens em ti mesmo, e entres na primeira ressurreição. Pois esta vida, que é o Pai e o Filho, pertence à alma e não é percebida pelo corpo. A mente racional só descobre a vida da sabedoria.
HILÁRIO. Os hereges, impelidos duramente pelas provas da Escritura, são obrigados a atribuir ao Filho pelo menos uma semelhança, em virtude, com o Pai. Mas eles não admitem uma semelhança de natureza, não podendo ver que uma semelhança de virtude não poderia surgir senão de uma semelhança de natureza; como uma natureza inferior nunca pode alcançar a virtude de uma superior e melhor. E não se pode negar que o Filho de Deus tem a mesma virtude que o Pai, quando diz: Tudo o que (o Pai) faz, o mesmo faz o Filho.
Mas segue-se uma menção expressa da semelhança da natureza: Assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim deu ao Filho ter vida em si mesmo. Na vida são compreendidas a natureza e a essência. E o Filho, como Ele tem, assim Ele deu a Ele. Pois o mesmo que é vida em ambos, é essência em ambos; e a vida, isto é, a essência, que é gerada da vida, nasce; embora não nascido diferente do outro. Pois, sendo vida da vida, permanece como na natureza até sua origem.
AGOSTO O Pai deve entender não ter dado vida ao Filho, que existia sem vida, mas tê-lo gerado, independentemente do tempo, que a vida que Ele lhe deu ao gerar era co-eterna com a Sua.
HILÁRIO. Viver nasce do viver, tem a perfeição da natividade, sem a novidade da natureza. Pois não há nada de novo implícito na geração de viver para viver, a vida não nascendo do nada. E a vida que nasce da vida deve, pela unidade da natureza e o sacramento do nascimento perfeito, estar no ser vivo e ter o ser que a vive em si.
A natureza humana fraca, de fato, é composta de elementos desiguais e trazida à vida a partir de matéria inanimada; nem a descendência humana vive por algum tempo depois de ser gerada. Tampouco vive inteiramente da vida, pois muito cresce nele insensivelmente e decai insensivelmente. Mas no caso de Deus, tudo o que Ele é, vive: pois Deus é vida, e da vida, nada pode ser senão o que é vivo.
AGOSTO Dado ao Filho, então, tem o significado de gerou o Filho; pois Ele lhe deu a vida, gerando. Como Ele deu a Ele ser, assim Ele deu a Ele para ter vida em Si mesmo; para que o Filho não tivesse necessidade de vida para vir a Ele de fora; mas era em si mesmo a plenitude da vida, de onde outros, ou seja, crentes, receberam sua vida. Qual é então a diferença entre Eles? Isso que um deu, o outro recebeu.
CHRYS A semelhança é perfeita em todos, exceto em um aspecto, viz. que, em essência, um é o Pai, o outro o Filho.
HILÁRIO. Pois a pessoa do receptor é distinta daquela do doador: sendo inconcebível que uma e a mesma pessoa deva dar e receber de si mesmo. Aquele que vive de Si mesmo é uma pessoa: Aquele que reconhece um Autor de Sua vida é outra.