Marcos 4:33,34
Bíblia de Estudo Diário Barclay (NT)
Foi com muitas dessas parábolas que ele continuou falando a palavra para eles, adequando sua instrução à capacidade de ouvi-la. Era seu costume não falar com eles sem uma parábola; e quando eles estavam sozinhos, ele revelou o significado de tudo para seus próprios discípulos.
Aqui temos uma definição curta, mas perfeita, tanto do professor sábio quanto do aprendiz sábio. Jesus adaptou sua instrução à capacidade daqueles que o ouviam. Esse é o primeiro elemento essencial no ensino sábio.
Há dois perigos que o professor sábio deve evitar a todo custo.
(a) Ele deve evitar toda auto-exibição. O dever de um professor não é chamar a atenção para si mesmo, mas chamar a atenção para o seu assunto. O amor pela autoexibição pode fazer um homem tentar brilhar à custa da verdade. Pode fazê-lo pensar mais em maneiras inteligentes de dizer uma coisa do que na coisa em si. Ou pode torná-lo tão desejoso de exibir sua própria erudição que se torna tão obscuro, elaborado e envolvido que o homem comum não consegue entendê-lo.
Não há nenhuma virtude em falar por cima da cabeça de uma audiência. Como alguém disse: "O fato de um homem atirar acima do alvo só prova que ele é um péssimo atirador". Um bom professor deve estar apaixonado por sua matéria e não por si mesmo.
(b) Ele deve evitar um senso de superioridade. O verdadeiro ensino não consiste em dizer coisas às pessoas. Consiste em aprender coisas juntos. Era ideia de Platão que ensinar significava simplesmente extrair da mente e da memória das pessoas o que elas já sabiam. O professor que fica em um pedestal e fala baixo nunca terá sucesso. O verdadeiro ensino consiste em compartilhar e descobrir a verdade juntos. É uma exploração conjunta dos países da mente.
Existem certas qualidades que aquele que deseja ensinar deve sempre buscar adquirir.
(a) O professor deve possuir compreensão. Uma das grandes dificuldades do especialista é entender por que o não especialista acha uma coisa tão difícil de entender ou de fazer. É necessário que o professor pense com a mente do aluno e veja com os olhos do aluno, antes que ele possa realmente explicar e transmitir qualquer tipo de conhecimento.
(b) O professor deve possuir paciência. O rabino judeu Hillel estabeleceu: "Um homem irritável não pode ensinar e insistiu que o primeiro elemento essencial de um professor é que ele deve ter um temperamento equilibrado. Os judeus estabeleceram que se um professor descobrisse que seus alunos não entendiam um coisa que ele deve recomeçar sem rancor e sem irritação e explicar tudo de novo. Isso é precisamente o que Jesus fez durante toda a sua vida.
(c) O professor deve possuir bondade. Os regulamentos de ensino judaicos proibiam toda punição excessiva. Eles proibiam especialmente todo castigo que humilhasse o estudioso. O dever do professor era sempre encorajar e nunca desencorajar. Anna Buchan conta como sua velha avó tinha uma frase favorita: "Nunca desafie a juventude". É fácil para o professor usar o açoite de sua língua no aluno com a mente flácida; muitas vezes é uma tentação obter um triunfo barato, tornando tal aluno o alvo de tais sarcasmos e gracejos que o tornarão motivo de chacota. O professor que é gentil nunca fará isso.
Esta passagem também nos mostra o sábio aprendiz. Isso nos dá uma imagem de um círculo íntimo a quem Jesus poderia explicar as coisas real e completamente.
(a) O aprendiz sábio não vai embora para esquecer. Ele vai embora para pensar sobre o que ouviu. Ele mastiga até finalmente digerir. Epicteto, o sábio professor estóico, costumava ser afligido por alguns de seus alunos. Ele disse que os homens deveriam usar a filosofia que aprenderam, não para falar, mas para viver. Numa metáfora grosseira, ele disse que as ovelhas não vomitam a erva para mostrar ao pastor o quanto comeram; eles o digerem e o usam para produzir lã e leite.
O estudioso sábio vai embora, não para esquecer o que aprendeu, e não para exibir o que aprendeu, mas para refletir calmamente até descobrir o que significa para a vida e para ele viver.
(b) Acima de tudo, o aprendiz sábio procura a companhia do mestre. Depois que Jesus falou, a multidão se dispersou; mas havia um pequeno grupo que se demorava com ele e não queria deixá-lo. Foi para eles que ele revelou o significado de tudo. Em última análise, se um homem é realmente um grande professor, não é tanto o ensinamento do homem que desejamos saber, mas o próprio homem. Sua mensagem sempre estará não tanto no que ele diz, mas no que ele é. O homem que deseja aprender de Cristo deve estar em companhia de Cristo. Se fizer isso, vencerá, não apenas o aprendizado, mas a própria vida.
A PAZ DA PRESENÇA ( Marcos 4:35-41 )