Isaías 6:3
Comentário Bíblico do Sermão
I. A visão de Deus é o chamado do profeta. Em nenhum lugar o pensamento é apresentado a nós na Bíblia com mais força motriz do que no registro da missão de Isaías. A própria marca do tempo pela qual a história é introduzida tem um significado patético. Ele coloca juntos em nítido contraste a presunção apressada do homem e o amor imutável de Deus. Isaías, um leigo, estava, ao que parece, no pátio do templo, e ele viu em transe o caminho para o lugar mais sagrado aberto.
Ele viu não a glória repousando sobre a arca simbólica, mas o Senhor sentado no trono, alto e elevado; não as figuras esculpidas de anjos, mas os serafins de pé com asas estendidas, prontos para um serviço rápido; não o vapor do incenso terrestre, mas a nuvem de fumaça que testemunhou a majestade que escondeu. Esta abertura dos "olhos do seu coração" foi um presente de Deus, o chamado de Deus para ele.
Por um momento eterno, os sentidos de Isaías foram abertos. Ele viu o que é, e não o que aparece quando lembramos o que era o judaísmo na época, local, rígido, exclusivo. Podemos compreender imediatamente que tal visão, tal revelação recebida na alma, foi para Isaías uma iluminação do mundo. Ele poderia finalmente ver toda a criação em sua verdadeira natureza através da luz de Deus. Humilhado e purificado em sua humilhação, ele só poderia ter uma resposta quando a voz do Senhor exigisse um mensageiro: "Aqui estou; envia-me."
II. Como a visão de Deus é o chamado do profeta, é esta visão que o profeta deve proclamar e interpretar aos seus semelhantes, não como uma teoria intelectual, mas como uma inspiração de vida. O ensino do profeta deve ser a tradução de sua experiência. Ele dá testemunho daquilo que viu. Suas palavras não são um eco, mas um testemunho vivo. Somente o coração pode falar ao coração.
Mas aquele que viu o menor fragmento da glória Divina, aquele que soletrou em letras de luz na face do mundo uma sílaba do Nome Triúno, terá uma confiança e um poder que nada mais pode trazer. Apenas deixe-o confiar no que viu, e isso se tornará para ele uma estrela-guia até que descanse na presença revelada de Cristo.
III. A visão de Deus também é a correção do profeta. E no cumprimento de nossa obra profética, precisamos mais do que sabemos das influências humilhantes e elevadoras que a visão de Isaías e os pensamentos de hoje estão preparados para criar ou aprofundar. Para nosso fortalecimento e para nossa purificação, devemos buscar por nós mesmos, e nos esforçar para espalhar sobre nós a sensação da horribilidade do ser, como aqueles que viram Deus em Belém, Calvário, Oliveiras e no trono circundado por um arco-íris como uma esmeralda; o sentido, vago e imperfeito na melhor das hipóteses, da gama ilimitada de cursos e questões de ação; a sensação da vastidão incalculável daquela vida que nos contentamos em medir por nossos débeis poderes; a sensação da majestade dAquele diante de quem os anjos velam seus rostos.
BF Westcott, Christus Consummator, p. 163
I. Dois dos atributos Divinos formam o tema do hino dos serafins: a santidade de Deus como inerente a Si mesmo; Sua glória manifestada na terra. Santidade, a primeira delas, denota, fundamentalmente, um estado de liberdade de toda imperfeição, especialmente de toda imperfeição moral; além disso, um estado realizado com tal intensidade que implica não apenas a ausência do mal, mas antagonismo a ele. É mais do que bondade, mais do que pureza, mais do que justiça; abraça tudo isso em sua plenitude ideal, mas expressa além do recuo de tudo o que é seu oposto.
II. Mas o hino seráfico não apenas celebra a natureza divina em sua própria pureza e perfeição transcendente, como também a celebra como se manifesta no mundo material: "a plenitude de toda a terra é a Sua glória". Por "glória" queremos dizer o show externo ou assistente de estado em dignidade ou posição. A glória, então, de que fala Isaías, é a expressão externa da natureza divina. Retratado como esplendor visível, pode impressionar os olhos da carne; mas qualquer outra manifestação digna do ser de Deus não pode ser menos verdadeiramente chamada de Sua glória.
É mais do que um atributo particular de poder ou sabedoria; é toda a plenitude da Divindade, visível aos olhos da fé, senão aos olhos dos sentidos, nas obras concretas da natureza, prendendo o espectador e reclamando dele a homenagem de louvor e homenagem.
III. Onde o mundo reflete o ser de Deus a ponto de ser a expressão de Sua glória? É visível (1) no fato, como tal, da criação; (2) nos meios pelos quais uma morada foi preparada para receber vida e inteligência, e a escala majestosa sobre a qual o processo foi concebido e executado; (3) no mecanismo raro e sutil que sustenta o mundo em todas as partes, e a adequação intrínseca e beleza dos resultados.
4. Podemos traçar alguma evidência do caráter moral de Deus, ou a Terra está cheia apenas de sinais de Seu poder? É difícil pensar que estejamos errados em rastreá-lo na constituição da natureza humana, nas afeições e aspirações que exibe, nas condições das quais se observa que depende a vida social. Aquele que inspirou a natureza humana com verdadeiros impulsos de justiça e generosidade, de simpatia e amor, com admiração pelos heróicos e nobres, com desprezo pelos ignóbeis e mesquinhos, não pode deixar de possuir um caráter semelhante.
Embora os raios sejam quebrados e a imagem obscurecida, a glória moral do Criador brilha no mundo; isso se reflete no veredicto da consciência individual; está latente nas sanções éticas das quais depende a permanência e o bem-estar da sociedade.
SR Driver, O Púlpito Anglicano de Hoje, p. 456.
Referências: Isaías 6:3 . BF Westcott, Contemporary Pulpit, vol. v., p. 363; Revista do Clérigo, vol. viii., p. 336 e vol. xviii., p. 280; F. Godet, Homiletic Quarterly, vol. iv., p. 110; J. Keble, Sermões do Dia da Ascensão ao Domingo da Trindade, p. 364; JH Newman, Parochial and Plain Sermons, vol. vi., p. 362. Isaías 6:4 . S. Baring-Gould, Village Preaching for a Year, vol. ii., p. 33