Marcos 14:66
O ilustrador bíblico
E como Pedro estava embaixo no palácio.
O palácio do sumo sacerdote
O palácio do sumo sacerdote foi provavelmente construído no estilo romano. Havia o que se chamava vestíbulo, uma entrada adornada com pilares; neste estava o óstio, ou hall de entrada, fechado com portas. De um lado vivia o porteiro. Este corredor dava acesso ao átrio, chamado em uma casa grega de aule, um apartamento quadrado ou oblongo, aberto no meio para o céu, com, nas casas romanas, um pequeno tanque de água no meio, e ao lado a imagem de o deus tutelar e um pequeno altar no qual o incenso era queimado.
Na outra extremidade deste grande salão havia uma sala grande e bonita, que se abria para ela por meio de degraus, chamada de tablinum. Era a grande sala de recepção e estava ricamente adornada. No tablino, ora quadrado, ora semicircular, a corte era realizada na casa de Caifás. Do lado de fora, abaixo dos degraus de mármore do átrio, estavam os criados da casa. Não havia imagem de um deus ali, mas havia um braseiro no lugar do altar de incenso.
É provável que tenha havido um implúvio ou tanque; visto que tanta importância foi atribuída às lavagens, e a água foi transportada por toda Jerusalém por meio de canais subterrâneos e aquedutos. Às vezes, fora do tablino, uma porta se abria para um pequeno quarto, que não tinha janela. Foi nesta pequena sala que as falsas testemunhas foram mantidas ocultas até que fossem convocadas a comparecer.
Eles estavam perfeitamente no escuro e não podiam ser vistos, ao passo que Cristo era visível distintamente por causa das tochas seguradas, como a lei judaica exigia, diante dEle para tornar Seu rosto claramente distinguível. No tablino havia também assentos ou bancos de mármore, alabastro ou madeiras caras. Nestes bancos estava o conselho. Enquanto o julgamento estava acontecendo no tablino, outro julgamento estava acontecendo no átrio, um ou dois degraus abaixo do tablino.
O Mestre foi julgado no tribunal superior e considerado culpado, embora inocente. O discípulo foi julgado em primeira instância e considerado culpado por sua própria consciência, ou melhor, deixe-me dizer, por aquele Mestre que estava recebendo sentença alguns degraus acima dele. Ambos foram irradiados pela luz vermelha do fogo no meio da escuridão predominante. Provavelmente as únicas luzes acesas naquele momento eram o fogo de carvão no braseiro na borda da caixa d'água e as tochas erguidas pelos sargentos da guarda diante de Jesus.
Muito geralmente, o tablino abria-se para um jardim atrás, de modo que quem estava no átrio ou no corredor olhava para o jardim, que era cercado por uma colunata. Quando era esse o caso, as poltronas ficavam entre os degraus do átrio e a porta do jardim, e a portinha do quarto ficava do lado oposto aos assentos. Agora, talvez, você possa imaginar a cena. No primeiro plano estão os servos e soldados que se movem pelo salão, mulheres trazendo feixes de espinhos ou pás de carvão para o fogo do braseiro.
Além, elevado como um palco baixo de um teatro, está o tablino, com os juízes sentados à direita. À esquerda, espiando pela porta escura, estão os rostos malignos dos espiões e testemunhas contratados. Um pouco à frente, em uma pequena plataforma elevada, está Cristo, com as mãos atadas, e de cada lado está um oficial segurando uma tocha acesa. Atrás, como a cena de um teatro, está o jardim, com a lua poente lançando longas sombras dos ciprestes negros sobre o cascalho e, no alto do céu, uma estrela cintila. ( S. Baring Gould, MA )