Números 15:32
Comentário Bíblico de João Calvino
32. E enquanto filhos de Israel. Como não sabemos em que ano ou em que mês isso aconteceu, parecia que nada seria melhor do que seguir o contexto de Moisés. Essa história mostra que os israelitas nem sempre eram afetados pelo mesmo grau de loucura, de modo a serem rebeldes contra Deus; pois, nesse caso, a moderação deles não se manifesta menos do que o fervor do zelo piedoso. Porém, como uma andorinha não produz primavera, formaremos um julgamento incorreto de toda a vida dos homens a partir de uma ação nobre. O transgressor da lei é levado a Moisés e Arão, cuja autoridade retém todo o povo no caminho do dever. Sua humildade também é digna de louvor, na medida em que esperam silenciosamente pela decisão de Deus; e, finalmente, deve-se acrescentar sua energia na execução do castigo assim que Deus tiver declarado a sentença. Você diria que em todos os aspectos eles estavam corretamente em conformidade com as regras da piedade; mas, como a ocasião mais insignificante imediatamente os desviou, sua hipocrisia foi descoberta por essa grande leviandade de conduta.
Esta é, no entanto, a soma da história, que, com a morte de um homem, a obrigação do sábado foi sancionada, de modo que a partir de agora seja cumprida maior reverência. De fato, pode ser que esses homens, que trouxeram o transgressor do sábado, sejam descuidados em outros assuntos e, como é habitual com os hipócritas, sejam excessivamente rígidos na afirmação das reivindicações de uma cerimônia externa. A partir da punição, no entanto, podemos deduzir que o próprio criminoso não errou por inadvertência, mas por desprezo total à Lei, de modo a não pensar em subverter e corromper todas as coisas sagradas. Às vezes, de fato, Deus vingou severamente a desconsideração na poluição das coisas sagradas; mas é provável que Ele não tivesse ordenado que esse homem fosse apedrejado, a menos que tivesse sido condenado por crime doloso. Além disso, por essa severidade, Deus testemunhou o quanto enfatizava a observância do sábado. A razão disso já foi apresentada em outros lugares, (84) a saber, que por essa marca e símbolo Ele havia separado Seu povo escolhido das nações pagãs. De onde também surgiu a principal censura contra os judeus, quando eles foram chamados sabatistas. (85)
Mas deve-se ter em mente que a adoração a Deus não deveria consistir em mera ociosidade e festividade; e, portanto, que o que Deus ordenou a respeito do sétimo dia tinha outro objetivo: não apenas que eles se dediquem a meditar em Suas obras, mas que, renunciando a si mesmos e a suas próprias obras, devem viver para Deus.
Além disso, este caso nos mostra em geral que a magistratura é designada não menos para a manutenção da Primeira Mesa do que a Segunda; de modo que, se infligem punição ao assassinato, adultério e roubo, também devem reivindicar a adoração a Deus: pois deve-se observar que o homem não foi apedrejado por um mero impulso irrefletido, mas pelo mandamento direto de Deus. Eles sabiam, de fato, o que ele merecia diante do tribunal de Deus; mas, como nenhuma lei política havia sido dada sobre esse assunto, Moisés não estava disposto a tomar nenhuma decisão, exceto pela autoridade de Deus.