João 4:36
Comentário Bíblico de João Calvino
36. E quem ceifa recebe recompensa. Com que diligência devemos nos dedicar à obra de Deus, ele prova por outro argumento; ou seja, porque uma grande e mais excelente recompensa é reservada para o nosso trabalho; pois ele promete que frutas, e frutas não poderão ser corrompidas ou desbotadas. O que ele acrescenta sobre fruto pode ser explicado de duas maneiras; ou é um anúncio da recompensa, e nessa suposição ele diria a mesma coisa duas vezes em palavras diferentes; ou, aplaude o trabalho daqueles que enriquecem o reino de Deus, pois mais tarde o encontraremos repetindo,
Eu escolhi você para que você possa dar frutos e que seus frutos permaneçam (João 15:16.)
E certamente ambas as considerações devem encorajar muito os ministros da palavra, para que nunca afundem no trabalho, quando ouvem que uma coroa de glória está preparada para eles no céu, e sabem que a os frutos da colheita da colheita serão não só preciosos aos olhos de Deus, mas também serão eternos. É para esse fim que as Escrituras em todos os lugares mencionam recompensa, e não com o objetivo de nos levar a julgar por ela os méritos das obras; pois qual de nós, se chegarmos a um acerto de contas, não será mais digno de ser punido por preguiça do que de ser recompensado por diligência? Para o melhor trabalhadores nada mais será deixado de se aproximar de Deus com toda a humildade ao perdão implore. Mas o Senhor, que age em nossa direção com a bondade de um pai, a fim de corrigir nossa preguiça e incentivar-nos a desanimar, digna-se de nos conceder uma recompensa imerecida.
Isso está tão longe de derrubar a justificação pela fé que antes a confirma. Pois, em primeiro lugar, como é que Deus encontra em nós algo para recompensar, mas porque Ele nos concedeu por seu Espírito? Agora sabemos que o Espírito é o fervoroso e penhor da adoção (Efésios 1:14.) Segundo, como é que Deus confere tão grande honra às obras imperfeitas e pecaminosas, mas porque depois de ter, por graça gratuita, nos reconciliado consigo mesmo, Ele aceita nossas obras sem nenhuma consideração ao mérito, não imputando os pecados que se apegam a elas? A quantidade desta passagem é que o trabalho que os apóstolos dedicam ao ensino não deve ser considerado duro e desagradável por eles, pois sabem que é tão útil e tão vantajoso para Cristo e para a Igreja.
Para que quem semeia e quem ceifa, se regozije. Com estas palavras, Cristo mostra que a fruta da qual os apóstolos derivam dos trabalhos de outras pessoas não pode apresentar justificativa de queixa a nenhuma pessoa. E essa declaração adicional merece aviso; pois se no mundo os gemidos daqueles que reclamam que a fruto de seu trabalho foi transmitida a outro não impedem o novo possuidor de alegremente colhendo o que outro tem semeado, quanto mais alegre deve a ceifeira quando existe consentimento mútuo, alegria e felicitações mútuas?
Mas, para que essa passagem seja entendida corretamente, precisamos compreender o contraste entre semeando e colhendo A semeando foi a doutrina da Lei e dos Profetas; pois naquele tempo a semente lançada no solo permaneceu, por assim dizer, na lâmina; mas a doutrina do Evangelho, que leva os homens à maturidade adequada, é justamente comparada com a colheita da . Pois a Lei estava muito longe daquela perfeição que por fim nos foi exibida em Cristo. Com o mesmo objetivo está a bem conhecida comparação entre infância e masculinidade, que Paulo emprega, quando diz que
o herdeiro, desde que seja criança, não difere de um servo, embora seja o senhor de todos, mas está sob tutores e governadores até a hora marcada pelo pai,
( Gálatas 4:1.)
Em suma, desde que a vinda de Cristo trouxe consigo a presente salvação, não precisamos nos perguntar se o evangelho, pelo qual a porta do reino celestial é aberta, é chamado de colheita da doutrina dos Profetas. E, no entanto, não é de todo inconsistente com essa afirmação que os Padres sob a Lei foram reunidos no celeiro de Deus; mas essa comparação deve ser referida à maneira de ensinar; pois, como a infância da Igreja durou até o fim da Lei, mas, assim que o Evangelho foi pregado, chegou imediatamente à idade adulta; então, naquele momento, a salvação começou a amadurecer, da qual a a semeadura somente foi realizada pelos Profetas.
Mas, quando Cristo proferiu esse discurso em Samaria, ele parece estender a semeadura mais amplamente do que à Lei e aos Profetas; e há quem interprete essas palavras como aplicando-se igualmente aos judeus e aos gentios. Eu reconheço, de fato, que alguns grãos de piedade sempre foram espalhados por todo o mundo, e não há dúvida de que - se nos é permitido exprimir - Deus semeou, semeando Além disso, o que é dito aqui sobre a união da alegria não pode se aplicar de modo algum aos filósofos ou a qualquer pessoa dessa classe.
Ainda assim, a dificuldade ainda não está resolvida, pois Cristo faz uma referência especial aos samaritanos. Eu respondo, embora tudo entre eles estivesse infectado por corrupções, ainda havia alguma semente escondida de piedade. Pois de onde resulta que, assim que ouvem uma palavra sobre Cristo, estão tão ansiosos em procurá-lo, mas porque aprenderam, com a Lei e os Profetas, que o Redentor viria? A Judéia era de fato o campo peculiar do Senhor, que ele havia cultivado pelos Profetas, mas, como uma pequena porção de semente foi transportada para Samaria, não é sem razão que Cristo diz que ali também alcançou a maturidade. Se se objeta que os apóstolos foram escolhidos para publicar o Evangelho em todo o mundo, a resposta é fácil, que Cristo falou de maneira adequada ao tempo, com essa exceção, que, por causa da expectativa dos frutos que já estava quase maduro, ele elogia nos samaritanos a semente da doutrina profética, embora misturada e misturada com muitas ervas daninhas ou corrupções. (84)