Lucas 7:36-50
Comentário Poços de Água Viva
A mulher que era uma pecadora
PALAVRAS INTRODUTÓRIAS
Havia um grande abismo entre os fariseus e os publicanos. Os fariseus professavam piedade que, em sua própria avaliação, os elevava muito acima dos publicanos. Os publicanos pareciam aceitar o desafio e, via de regra, se escondiam como se fossem o mais vil dos homens.
Lembramos como o fariseu orava dentro de si; exibindo sua justiça própria e superioridade própria; enquanto o publicano ficava de longe, batendo no peito e dizendo: "Deus tenha misericórdia de mim, pecador".
Com isso em mente, há algumas coisas que desejamos sugerir antes que os contrastes de nosso estudo sejam apresentados.
1. Com Deus não há diferença, pois todos pecaram. O judeu pode se gabar de sua superioridade espiritual e se colocar contra o gentio; mas Deus diz ao judeu; "Tu que te vanglorias da Lei, por quebrar a Lei desonra a Deus?"
O gentio pode reconhecer sua culpa, entretanto, ele não é mais culpado do que o judeu. A verdade é: "Não há justo, não, nenhum; * * não há ninguém que busque a Deus. Todos eles se desviaram."
A verdade é que diante de Deus todo o mundo é culpado e, portanto, condenado. Toda boca se cala, e toda vanglória da justiça humana é excluída.
2. Com Deus, a morte passou sobre todos os homens. Alguns homens podem se imaginar bons o suficiente para a vida eterna; mas Deus diz que o salário do pecado é a morte e que a morte caiu sobre todos os homens; em que todos pecaram.
Se o pecador quer saber que caminho leva ao inferno, respondemos; "É a maneira pela qual ele está viajando." O inferno é o fim de todo filho pecador de Adão, visto que todo filho é pecador.
3. A salvação é oferecida apenas com base na obra consumada de Cristo. Dissemos que todos pecaram e, portanto, que todos foram condenados ao inferno. A Bíblia afirma claramente isso, pois "O salário do pecado é a morte" e "Os ímpios serão lançados no inferno".
Se a justiça fosse possível através da guarda da Lei, na verdade, a justiça teria vindo pela lei
O que o homem não poderia fazer, Deus fez, enviando Jesus Cristo do Céu para se tornar o substituto do homem. Cristo foi feito pecado por nós, "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".
I. O DESEJO DE UM FARISEU ( Lucas 7:36 )
Ficamos impressionados com esta declaração "Um dos fariseus desejava que ele comesse com ele." Podemos ser muito rápidos em julgar, mas nos sentimos justificados pela reputação geral dos fariseus, e pelo registro deste fariseu em particular que segue em nossa história de estudo, para dizer que este "aspirante a anfitrião" tinha motivos profanos em seu convite a Cristo para jantar com ele.
Neste fariseu, no entanto, acreditamos que temos uma visão interna de muitos fariseus de nossos dias.
1. Os fariseus adoravam o reconhecimento pessoal. Eles procuraram os lugares de destaque, os primeiros lugares na festa. Eles se deleitavam em fazer coisas que atraíam os homens a si mesmos. Eles desfilaram suas obras para que pudessem ser vistos pelos homens. Eles se deleitavam em alargar as bordas de suas vestes, visto que essas vestes, supostamente, manifestavam a amplitude de sua piedade. Eles desejavam alargar seus filactérios, para que pudessem obter o louvor dos homens.
A própria essência do caráter farisaico era o desejo de ser chamado de "Rabino", "Rabino". Eles não sabiam nada sobre se humilhar; mas eles eram especialistas em exaltação própria. Eles podem devorar as casas das viúvas em particular; mas eles encobriram sua malandragem com o pretexto de uma longa oração.
2. Os fariseus exigiam dos outros o que eles próprios nunca fizeram. Eles ataram fardos pesados sobre os homens, difíceis de suportar. Colocaram nos ombros dos homens, mas eles próprios não os moviam com um dos dedos. Eles assumiram a posição de senhores sobre o que chamavam de gente comum. Toda a sua vida foi uma mentira viva. Eles eram como sepulcros caiados que eram bonitos por fora; mas por dentro estavam cheios de ossos de mortos e de toda impureza. Mesmo assim, eles exteriormente pareciam justos aos homens; mas por dentro estavam cheios de hipocrisia e iniqüidade.
II. O PECADOR PROCURANDO O SALVADOR ( Lucas 7:37 )
Não parece natural para uma mulher pecadora buscar o Salvador. Ela, que estava corrompida e arruinada em seu pecado, veio até Aquele que não conheceu pecado, e que não pecou.
Isso te surpreende? A escuridão estava buscando a luz; a impureza buscava o limpo; a impureza estava procurando o puro; o profano estava procurando o sagrado. Assim foi.
O Espírito Santo estava lidando com essa mulher. Ela ainda era uma pecadora; mas ela era uma pecadora, cujos olhos Deus havia aberto. Ela era uma pecadora; mas ela era uma pecadora cuja vontade Deus havia quebrado. Ela veio a Jesus, porque Ele a atraiu para Si com as cordas do amor celestial. Ela chorou, porque seu espírito estava cheio de contrição; ela lavou Seus pés com suas lágrimas, porque ansiava que seus pecados fossem lavados; ela enxugou Seus pés com o cabelo de sua cabeça, porque se sentia indigna e vil. Ela beijou Seus pés, e os ungiu com ungüento, porque ela amou muito, e procurou exaltá-Lo como Senhor de sua vida.
Nós nos perguntamos quantos, que lêem essas palavras, estão dispostos a se juntar a essa mulher na adoração e no amor de Cristo?
III. A CRÍTICA DE SIMON AO SALVADOR ( Lucas 7:39 )
1. Uma dupla crítica. Em Lucas 7:39 lemos que o fariseu falava consigo mesmo, dizendo: "Este homem, se fosse profeta, saberia quem e que tipo de mulher é esta que O toca, porque é pecadora."
Simon fez duas críticas. Ele criticou o pecador por buscar o Salvador, ele disse com uma calúnia; "Ela é uma pecadora." Ele também criticou o Salvador por buscar o pecador. Ele disse: "Este Homem, se Ele fosse um Profeta, saberia quem e que tipo de mulher é esta."
2. A visão interior do coração de Simon. Simão não tinha amor verdadeiro por Cristo. Seu convite ao Senhor para jantar com ele não trazia consigo nenhuma convicção quanto à divindade de Cristo, nenhuma confissão da onisciência de Cristo. Era totalmente impróprio para o anfitrião desonrar seu Convidado.
Quantas vezes as pessoas expressam uma demonstração externa de fidelidade a Cristo quando sua alma O rejeita como Salvador, e como Senhor, e como Rei vindouro! Ainda há muitos que, com os lábios, se gabam de grandes coisas, enquanto o coração está longe do Senhor. Essas pessoas vêm como os santos vêm. Eles dobram os joelhos e a cabeça, como fazem os santos; eles ouvem as palavras de Deus, mas não as cumprem; com a boca mostram muito amor, mas o seu coração vai atrás da avareza.
4. CRÍTICA DE SIMON DE CRISTO ( Lucas 7:40 )
Jesus, entendendo o que Simão tinha em seu coração, disse; "Eu tenho algo a dizer a ti." Cristo então contou a Simão a história dos dois devedores: um que devia muito e o outro que devia pouco; aquele que muito foi perdoado, e aquele que pouco foi perdoado. Então Ele disse a Simão: "Qual deles O amará mais?" Simão admitiu: "Suponho que ele, a quem mais perdoou."
Cristo delineou assim perante Simão a perfídia do seu próprio coração: mostrando-lhe como ele amou apenas um pouco. Simon nem mesmo dera ao seu Convidado água para os pés; ele não Lhe deu nenhum beijo; ele havia ungido Sua cabeça sem óleo.
1. O anseio do coração de Cristo era por amor, não por entretenimento. A pergunta que o Senhor fez a Simão não era sobre quem servia mais, mas sobre quem mais amava. Simon tinha feito muito em termos de serviço. Ele ofereceu a Cristo a hospitalidade de sua casa. A mulher, talvez, não tivesse um lar para oferecer. Havia uma coisa, entretanto, que Simon não tinha feito. Ele não esbanjou sobre seu Senhor, o amor de seu coração.
Nós nos perguntamos se Cristo não está dizendo de muitos de nós o que disse da Igreja em Éfeso: "Deixaste o teu primeiro amor." A Igreja em Éfeso estava cheia de obras; era a lealdade personificada. Éfeso não suportava homens maus; Éfeso provou aqueles que disseram falsamente que eram apóstolos e os achou mentirosos. Éfeso havia feito muito em termos de trabalho, e até mesmo trabalhou em Nome do Mestre; no entanto, Éfeso havia abandonado seu primeiro amor.
2. Cristo observou em Simão a falta daquelas qualidades excelentes que manifestam a genuinidade e a sinceridade do amor. Simon era perito em fazer coisas grandes e vistosas. Quase podemos vê-lo levando Cristo através de sua mansão. Também podemos ver Cristo sentado à mesa de Simão, uma mesa aberta com todas as generosidades. Podemos imaginar os criados voando de um lado para o outro, enquanto atendiam os convidados.
Simon, no entanto, falhou totalmente nas mais ternas e delicadas cortesias que marcavam o afeto. Você se lembra da pobre mulher que lançou suas duas moedas? O Senhor disse que ela deu mais do que todos os ricos, que, de sua abundância, depositaram muito. Aquele a quem servimos está sempre atento à manifestação mais profunda e aguda de amor.
V. COMENDAÇÃO DA MULHER POR CRISTO ( Lucas 7:44 )
1. O Senhor conhecia a pecaminosidade da mulher que chorou a Seus pés. Simão havia falado de Cristo; "Este Homem, se Ele fosse um Profeta, saberia quem e que tipo de mulher é esta que O toca: porque ela é uma pecadora." Simão, de uma forma ou de outra, sentiu que Cristo havia sido contaminado por essa mulher que era pecadora. O Senhor Jesus, porém, veio ao mundo para buscar e salvar o que estava perdido, Ele não tinha piedade do pecado; mas Ele morreu pelo pecador. Ele não tinha comunhão com a injustiça; mas Ele estava pronto para salvar os injustos.
2. O Senhor conhecia a sinceridade da mulher que chorou a Seus pés. Simon pensava nela apenas como impura; Jesus pensou nela como alguém que deseja ser purificada. Jesus sabia que os beijos nos pés e as lágrimas que caíam eram beijos e lágrimas de contrição. Aquela que enxugou Seus pés com os cabelos da cabeça, soluçava as aflições de seu coração.
3. O Senhor conhecia os anseios da mulher que chorou a Seus pés. Ela estava lá como uma suplicante em busca de misericórdia. Ela estava lá como uma pecadora em busca de salvação. Ela estava lá, confessando seu erro, admitindo sua iniqüidade e desejando ser perdoada. Tudo isso se evidencia no fato de ela ter caído aos pés de Jesus.
Fazemos a cada um de vocês esta pergunta: Você, com Simão, está sentado ereto à mesa, reivindicando uma igualdade mais ou menos com o Senhor, e fazendo pouco mais do que passar os cumprimentos do dia com Ele? ou, você está, com esta mulher, prostrado aos pés Dele confessando seus pecados?
VI. A SALVAÇÃO DO PECADOR ( Lucas 7:47 )
Agora chegamos àquela bela parte de nosso estudo, o perdão de quem pecou muito.
1. Cristo, ao perdoar esta mulher, proclamou-se como Deus. Certa ocasião, quando Cristo perdoou o homem que havia caído do telhado, os fariseus gritaram; "Quem pode perdoar pecados senão Deus?" O Senhor respondeu; "Se é mais fácil dizer ao paralítico: Os teus pecados estão perdoados; ou dizer: Levanta-te, toma a tua cama e anda?" Então Cristo proferiu aquelas palavras memoráveis: "Mas, para que saibamos que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, diz aos paralíticos: Eu te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai o teu caminho para a tua casa. "
2. Cristo, ao perdoar esta mulher, provou ser um Salvador do pecado. As pessoas que se sentavam à mesa com Cristo começaram a dizer consigo mesmas: "Quem é este que também perdoa os pecados?"
Mesmo agora, podemos ver o Senhor, pois, com as mãos estendidas, Ele clamou aos soluços em busca de almas; "Vinde a mim * * e eu vos aliviarei."
3. Cristo, ao perdoar esta mulher, mostrou a base humana sobre a qual a salvação é obtida. O versículo cinquenta diz; "A tua fé te salvou; vai em paz."
Agora vemos o que foi que atraiu a mulher de seus antros de pecado, para a casa de Simon. Vemos o que a deitou aos pés do Mestre, lavando Seus pés com suas lágrimas e enxugando-os com os cabelos de sua cabeça. Vemos o que a fez não cessar, em beijar Seus pés; e por que ela ungiu Seus pés com ungüento. Vemos porque ela amava tanto era sua fé. Ela acreditava que Cristo era um Salvador.
O Senhor Jesus viu por trás de cada ato dela, o motivo que motivou o ato. Ele disse à mulher: "A tua fé te salvou". Não foram suas lágrimas; não era sua humildade; não era seu unguento; não era seu amor; era a fé dela
4. Cristo, ao perdoar esta mulher, demonstrou o resultado da salvação. Cristo disse à mulher: "Vá em paz".
"Não há paz para os ímpios, diz o Senhor." Como então poderia este, que era mau, ir em paz? Ela poderia ir em paz, porque ela havia recebido a salvação; ela teve salvação, porque ela teve fé.
O Espírito Santo disse: "Portanto, sendo justificados pela fé, temos paz."
UMA ILUSTRAÇÃO
Conta-se a história que, dois anos após o fim das hostilidades, após a Guerra Civil, alguns professores universitários, em caça exemplares, encontraram dois soldados escondidos nas montanhas das Carolinas. Quando perguntaram sobre o andamento da guerra, os professores disseram que a paz havia sido declarada dois anos antes. A paz foi declarada, por que então esses desertores não teriam paz?
Cristo fez a paz por Seu Sangue, vamos então ter paz por meio da fé em Sua obra consumada. É tão tolo para o pecador se esconder de Deus quando Deus fez a paz por meio do Sangue da Cruz, quanto foi para esses dois homens se esconderem nas Montanhas Blue Ridge depois que a paz foi feita.